terça-feira, 13 de novembro de 2018

Somos Todos Lendas - Uma experiência Queen para a nova geração

Por Dimi Queiroz

"Somos todos lendas". A frase é uma das falas de Freddie Mercury no mais novo longa biográfico Bohemian Rhapsody, que conta um lado olimipiano, quase que livre de falhas, do maior frontman do rock. O filme serve como uma experiência quase documental - não fiel à cronologia - da maestria singular com a qual Mercury compôs suas músicas, performou e viveu.

Somos apresentados a um Mercury já dado à vida noturna, rebelde e quase que tímido no meio de uma multidão. Logo nos primeiros minutos apresenta-se para ser o vocalista do trio Smile, onde apenas Roger Taylor e Brian May apareciam. Em poucos minutos, como que magicamente, John Deacon se une a banda e os mesmos já estão indo gravar seu primeiro disco. O filme não se preocupa em mostrar os reveses de uma banda iniciante, com suas dificuldades em encontrar shows, contratos e seu lugar ao sol. Talvez por isso tenha ficado insoso para alguns fãs, que esperavam uma biografia da banda em si e não uma ode à Mercury. Ficamos sem saber dos dramas pessoais dos outros membros da banda, seus sonhos, esperanças e medos, tudo em prol de Mercury, que sempre é a pedra fundamental onde o roteiro se prende.

As cenas com Mercury servem para mostrar a destreza de Rami Malek, o qual nos entrega um Freddie altivo, performático e escandaloso no palco e no dia a dia. Não dá pra analisar sua interpretação como caricata, pois o próprio Mercury, em vida, dentro e fora dos palcos demonstrava uma persona quase que inventada, mas mesmo assim muito pessoal. Por outro lado, vemos uma direção preocupada em endeusar e maquiar o personagem de Malek, pondo-o como um menino inocente que foi posto em situações por conta de companhias más e não por sua personalidade rebelde e forte. Ponto negativo, principalmente na cena onde Mercury termina seu relacionamento profissional com Paul Prenter, com uma dramaticidade que beirava o dramalhão mexicano com pitadas de comédias românticas dos anos 90.

Sente-se a falta de um retrato mais visceral do que seria a vida de uma banda de rock nos anos 70. Faltou exploração dos dramas pessoais dos outros membros da banda. E, quando os dramas de Mercury eram explorados, faltou profundidade. Apenas menções a drogas, sexo e bebedeiras. Mas não nos são apresentados as falhas de caráter, erros e defeitos daquele que deveria ser um humano carnal, mas beira o angelicalismo espiritual.

Mas o filme tem seus momentos de ápice e glória, como a recriação da apresentação mais icônica da banda Queen: Live Aid. Recriado quase como que fielmente e com pontos positivos para figurino, maquiagem, montagem design de produção e fotografia. Os momentos finais do filme merecem m lugar cativo no hall dos melhores momentos em filmes. Digo sem medo. Mas, os méritos maiores do filme, não são necessariamente do filme em si, pois sem as músicas já anteriormente criadas e imortalizadas pela bada Queen, o filme não se suportaria.

Por fim, Bohemian pode ser classificado como uma experiência em tela grande para fãs e a nova geração que ainda não conhece Queen. Impossível sair da sala de cinema sem um gostinho mais apurado pela banda e por seu frontman Freddie Mercury.


sexta-feira, 13 de julho de 2018

TRÊS FILMES PARA ASSISTIR NO DIA DO ROCK N ROLL

Por Dimi Queiroz

O dia mundial do Rock n´ Roll é comemorado todo dia 13 de Julho. Nesse ano de 2018 o dia cai numa sexta-feira, 13. Uma data que ficou famosa primeiro no mundo do entretenimento cinematográfico com o filme homônimo que homenageia a data e que traz de volta o assassino Jason. Uma coisa, inicialmente não tinha nada a ver com a outra. Porém como o Rock sempre foi acompanhado de superstições e misticismo em torno de si pelos mais conservadores, ao longo do tempo foi sendo uma conexão que, quando acontece (como no caso de hoje), é motivo para deixar os ânimos mais exaltados. Tanto de um lado quanto de outro.

Como começou?
Apesar de ser considerado "dia mundial do Rock", a data só é comemorada no Brasil. Acredite se quiser! O dia 13 de Julho foi escolhido para celebrar o gênero musical em homenagem ao Live Aid, mega evento que aconteceu no mesmo dia, em 1985. Aparentemente, um dos participantes do evento, um tal de Phil Collins, expressou o desejo de que aquele dia fosse mundialmente reservado para celebrar o Rock and Roll.

Em meados dos anos 90, duas rádios paulistanas dedicadas ao Rock começaram a mencionar a data em sua programação. Obviamente a data foi amplamente aceita pelos ouvintes e aos poucos ganhando peso e prospecção nacional. Hoje, por todo o Brasil a data é lembrada com muito amor pelos fãs do gênero. Ao passo que ao redor do mundo, a data não é nem um pouco conhecida.

Como celebrar?
Não é uma data como o Halloween ou Natal, que conta com um costume próprio como o de se fantasiar ou juntar-se com a família e amigos ao redor de uma mesa para comer muito! Cada adepto do Rock pode celebrar a sua própria maneira. Como esse blog é feito por uma pessoa fã de cinema mais do que qualquer coisa, eu proponho aqui três filmes que podem fazer o caro leitor reviver tempos gloriosos na vida de artistas que influenciaram diretamente esse estilo, praticamente em suas raízes. Cada um a sua maneira, claro. Mas igualmente importantes.

Os Reis do Iê Iê Iê (A Hard Days Night, 1964)
Obviamente a minha lista vai começar com os Beatles. Não poderia e nem deveria ser diferente. O primeiro filme estrelando o quarteto de Liverpool vêm celebrar sua carreira e foi lançado juntamente com o álbum A Hard Days Night. O grupo usou o cinema como maneira de divulgar suas músicas e deu muito certo! O filme foi indicado a dois Oscars. Para além de qualquer membro da banda, o filme celebra os Beatles como um todo e mostra a beatlemania, fenômeno que tomou conta da juventude da época a nível mundial, quando praticamente todos os jovens, principalmente meninas adolescentes, idolatravam os músicos. Naquela época, se você fosse uma garota, com certeza tinha o seu Beatle preferido. Se fosse rapaz, com certeza queria ser um deles. Eram implacáveis e o filme mostra como isso se refletia trazendo imagens reais de perseguições de fãs, show e muito bom humor de John, Paul, Ringo e George.

Não Estou Lá (I´m Not There, 2007)
Inspirado na vida do cantor e compositor Bob Dylan, o filme se destaca por conta da quantidade de atores que interpretam Dylan em momentos diferentes de sua carreira: apenas seis intérpretes, incluindo uma mulher (Cate Blanchet), nos fazem passear por várias facetas do cantor ao longo de sua prestigiada carreira. O longa é uma amostra da capacidade de atuação de Cate Blanchet, que foi indicada a um Oscar e venceu um Globo de Ouro pelo filme. Porém os outros atores não ficam desfocados em seus papéis. Vale muito a pena prestigiar o longa que homenageia um dos mais controversos e versáteis artistas do cenário musical. Até hoje as influências de Dylan são sentidas no Rock. O próprio cantor chegou a comentar sobre o filme em 2012 em uma entrevista para a revista Rolling Stone. Ao ser perguntado se tinha gostado do filme, Dylan disse: "Achei que ficou bom. Você acha que o diretor se preocupou com que as pessoas o entendessem? Não acho que ele se importou nem um pouco. Acho que ele só queria fazer um filme. Eu achei que ficou bom e aqueles atores foram incríveis". Com esse elogio vindo diretamente da fonte de inspiração para o filme, não deveria haver dúvidas sobre a qualidade. Fica a dica para acompanhar com uma boa pipoca.

Janis Joplin: Little Girl Blue, 2015
Imagine uma garota nascida em uma pequena cidade do Texas em 1943. Se eu dissesse que essa garotinha gostaria de ser cantora, obviamente qualquer um pensaria em dizer-lhe para seguir carreira no Country ou no máximo no folk. Mas Janis nunca foi convencional, tradicional e muito menos coerente. Janis Joplin: Little Girl Blue conta a história da mulher que abriu as portas para outras mulheres brilharem no Rock and Roll. Se você gosta de histórias de pioneiros, essa é para você. Janis quebrou barreiras em uma America ultraconservadora. Com uma voz forte e rouca, com muito Soul e atitude, Janis abriu o caminho que outras mulheres viriam pavimentar. Se hoje enlouquecemos ao som de vozes femininas no Rock, devemos e muito a Janis. O documentário revela sua história e como ela conseguiu tornar-se um ícone, mesmo com poucos anos de carreira. Morreu aos 27 anos de idade, cedo e de repente. Porém deixou um legado digno de honra.

Essa foi a lista de hoje para curtir muito o Rock, aprendendo um pouco mais sobre apenas alguns dos artistas que o impulsionaram para ganhar o mundo todo. Vale lembrar que Quase Famosos e Escola de Rock podem até ser filmes muito bons, mas na hora de celebrar o Rock, eu prefiro ficar com a realidade da vida de pessoas que viveram/vivem e que até hoje ainda ensinam ao mundo como fazer o bom e velho Rock and Roll.