domingo, 18 de outubro de 2015

Teatro transforma e forma profissionais

Em Maringá, muitos estudantes das artes cênicas têm as vidas modificadas em função da arte de entreter nos palcos 


 Imagem/Sandy Souza
  Falta de recurso e incentivo são as maiores dificuldades
Raisa Marcondes
Muitas pessoas em Maringá estudam teatro por vários motivos. Vencer a timidez, ingressar no mercado de trabalho como ator ou até mesmo se divertir. Mas essas pessoas, tanto alunos interessados na arte cênica, como professores que vivem dela, sabem que há certas dificuldades em fazer e viver do teatro em Maringá.

Uma dessas alunas é Elaine Teleken, 19, que foi apresentada ao teatro desde cedo: “Aos 10 anos fui presenteada com o livro do autor Ariano Saussuna, ‘O Auto da Compadecida’. Foi o suficiente para me motivar a querer conhecer o mundo do teatro. Passou a ser tudo para mim e estava decidida que queria muito continuar ’’, diz.

Como Elaine, outros alunos sentem que o teatro preenche uma necessidade que não encontram em outro lugar. Mario Costa, 26, é aluno há três anos e segundo ele mesmo, não encontra satisfação em outro lugar. “Eu faço porque é aqui que posso me comunicar e me expressar de maneira que eu me sinta confortável ’’, diz.

Mas a realidade não é tão boa para muitos. O professor Pedro Ochoa, integrante do Circo Teatro sem Lona de Maringá, diz que o teatro regional, para conseguir ter público, precisa ser divulgado. “Maringá pode, sim, dar valor ao teatro regional, mas desde que seja eficiente na divulgação”, diz.

As sociólogas Eliza Cazorlla e Mariana Galuch, ambas formada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá, dizem, em artigo redigido especialmente para a Redação do MP, que o maringaense está longe de se comparar com o londrinense em questão de identidade cultural. “Construir uma identidade cultural é um caminho lento e legitimar as artes como ferramenta para a educação é um passo inicial que facilitaria o fortalecimento dessa arte”, observa. Na opinião das duas, um curso de Artes Cênicas, na UEM, pode legitimizar e gerar reconhecimento por parte da população.

Segundo o professor Pedro Ochoa, com as várias oficinas que ocorrem na universidade e um curso nas Artes Cênicas sendo institucionalizado, ficaria mais fácil para o maringaense valorizar o regional, mas ainda falta apoio para que o teatro passe a ser visto como mais que mero instrumento de entretenimento e sim uma terapia tanto para o ator como para o público. “No teatro todos nós somos levados a ultrapassar nossos limites”, diz.


Arte auxilia na superação da timidez


Pessoas tímidas encontraram na arte da interpretação a forma de vencer a dificuldade de se relacionar


Camila Munhoz 
De acordo com Pedro Ochoa, integrante do Circo Teatro Sem Lona e professor da Oficina de Teatro da UEM (Universidade Estadual de Maringá), as artes cênicas ajudam muito na superação da timidez. “A timidez é uma característica da pessoa e o teatro é a superação dos seus limites”, afirma.

A estudante de psicologia Thalyta Zanin, 19, diz que o teatro a ajudou muito a superar a timidez de quando era criança. “Eu era incapaz de entrar em um lugar para comprar alguma coisa. Tinha vergonha de pedir um refrigerante. O teatro fez com que eu acreditasse mais em mim”, lembra.

Thalyta começou as aulas na escola, por volta dos 8 anos e hoje, aos 19, coordena um grupo de adolescentes em um colégio em Maringá. Segundo ela, alguns jovens têm dificuldade de “se soltar” durante a cena e às vezes precisam de um “empurrãozinho”. “O caso mais recente foi de um menino que durante os ensaios estava muito inseguro e inibido, mas na hora da apresentação surpreendeu a todos”, relata.

Eduardo Alves, 23, também começou a fazer teatro na escola. “Eu era tranquilão, na minha. Só conversava com o meu grupinho. O teatro me ajudou a quebrar a timidez.” Ele afirma ainda que o teatro foi importante para ele sobretudo na infância. “É a fase de construção da personalidade, depois você cresce e aprende a lidar melhor com as coisas.”

Há três anos, Alves participa de um grupo de teatro ligado à Igreja Católica, que frequentemente se apresenta em Maringá e em outras cidades do Estado. Por atuar junto à Igreja, o grupo de Eduardo tem público fiel, porém enfrenta as mesmas dificuldades dos grupos seculares: a falta de recursos e incentivo cultural.

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