domingo, 18 de outubro de 2015

Votar nulo ou não votar, eis a questão

A opção do eleitor em anular o voto deve ser respeitada como escolha legítima e não tratada como descaso do cidadão

 Montagem sobre imagem
 
Raisa Marcondes
De quatro em quatro anos os brasileiros saem de suas casas em direção às milhares de urnas espalhadas por todo o país para escolher o próximo chefe de Estado, que estará no comando por mais quatro anos. A escolha é importante e é, além de uma obrigação, o exercício da cidadania ao qual todas as pessoas têm direito.

Porém, nem tudo é fácil. Assim como há os que já sabem em quem votar, há os que já sabem em quem não votar. É aí que entra o voto nulo. No segundo turno eleitoral deste ano, de acordo com o portal de notícias G1, a porcentagem de votos nulos foi de 4,40%, o que equivale 4,6 milhões de brasileiros. Mas, pelas pesquisas eleitorais, esses votos são contados como não-válidos.

Porém, até quando um voto nulo pode ser considerado como não válido? O voto nulo é, realmente, o não exercício da cidadania? Ou será que se pode pensar no voto nulo como um grito (modesto) de um povo descontente com a atual situação política do país?

Pouco tempo antes do segundo turno das eleições 2010, Plínio Arruda, candidato à presidência pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), por meio do serviço twittcam, veio a público pedir aos brasileiros que exercessem a cidadania e escolhessem não escolher.

Como cidadão, o brasileiro tem esse direito, sim. Há que se fazer uma reflexão e pensar: “Votar pelo ‘menos pior’ ou anular?”. O direito à escolha é precioso e dá ao Brasil a condição de país democrático. Porém, há que se pensar que votando nulo não se deixa de exercer a cidadania. Aliás, ao votar nulo e escolher não votar em nenhum candidato, mostra-se o descontentamento com a situação política. Escolher não escolher é escolher votar pela mudança. O povo brasileiro pode votar nulo sem se preocupar com a “falta” do exercício da democracia. Ela, a democracia, se faz quando votamos com consciência. Sem pensar no “menos pior” ou no que “rouba mas faz”. Votar com consciência é votar sabendo que tal candidato fará o que é melhor para o país. Votar consciente talvez, em alguns casos, possa significar votar nulo. Se for, que o brasileiro possa realmente exercer a cidadania e escolher não escolher para que a insatisfação possa ser notada e, quem sabe, ouvida.

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